Como eu quebrei meu padrão de ser “menor” – Por Vidas e Trabalhos com + Propósito

Como eu quebrei meu padrão de ser “menor”

Eu fui atrás de um diagnóstico e encontrei uma resposta que eu estava buscando há muito tempo.

Quem tá por aqui já há algum tempo talvez tenha visto eu compartilhar sobre minha descoberta dos meus traços narcísicos e dos meus traços borderlines, um tempo atrás.

Mas, eu nunca falei aqui do sentimento que eu tenho, desde sempre, de ser DIVERGENTE e da minha intensa sensibilidade, em vários sentidos.

Então, se você, também, sempre se sentiu meio E.T., oscilando entre atender aos PADRÕES e assumir sua “esquisitice”, vem comigo aqui…

Já ouviu falar da Síndrome do Viajante ou do Complexo de Nômade? Acho que não porque eu inventei isso agora, mas acho que você me entendeu. Sempre me senti uma viajante, e, quando não me sinto, dou
um jeito de me sentir. O que quer dizer que eu sempre busco uma forma de estar numa situação de “novidade”.

(E não, não é caso de insatisfação narcísica e nem de TDAH)

E, por muitos anos da minha vida eu achei que eu tava errada… eu ouvi muito isso. Tava errado mudar tanto, de cidade, de trabalho, de interesse – mesmo que minhas possibilidades de APRENDIZADO já tivessem se esgotado – e também tava errado meu comportamento INSURGENTE.

Fui convidada a me retirar de duas escolas no “ginásio” e sempre fui “boa de briga” quando acontecia alguma injustiça. Não podia ver uma causa nobre que tava lá na Paulista, carregando bandeira).

(Sempre achei que isso se explicava com a minha “Comissão de Frente”: Sol em Áries, Ascendente em Aquário e Lua em Escorpião. Mas não…)

Corta pro início desse ano. Veio a onda do TDAH e eu – como muita gente – me identifiquei com os sintomas. Comprei todos os livros do Dr. Russel Barkley, devorei, e não caiu como uma luva, era mais uma saia justa, não era aquilo ainda.

Conjuntamente, eu comecei a atender muitas mães atípicas e muitos neurodivergentes e a identificação foi total. Comecei a desconfiar da atipicidade em muita gente da minha família e, por último, desconfiei:
“acho que sou autista”.

Não dava mais pra achar, nem ler ia me dar um diagnóstico, e eu precisava de algo assim pra entender, de uma vez por todas, quem eu era além do que eu já sabia; e a ciência tá aí pra somar ao autoconhecimento.

E o que me fez procurar a profissional que eu procurei pra me avaliar foi uma memória que me veio à tona, nada à toa. Uma vez, por volta dos meus 13 anos, minha mãe me levou a um médico muito sensível e inteligente – chamado de “guru” por algumas pessoas – que me falou algo que foi muito fundo no meu coração e na minha consciência e que me fez chorar, no mesmo momento, porque me abriu um caminho de libertação.

Eu relatei as minhas alergias e sinusites recorrentes, o transtorno que era a escola e o quanto um trabalho voluntário estava me fazendo bem. Ele me receitou uma dieta sem aditivos, sem leite, etc – algo que estou retomando agora – percebeu meu movimento de fuga, e me disse o seguinte:

“Não tenha medo de ser inteligente. Esse trabalho que você tá fazendo te faz algum bem mas o que vai te ajudar mesmo é você não ter medo de aparecer, de incomodar, e se dedicar a estudar e brilhar.”

E me contou dos percalços que passou, porque incomodava outros colegas apenas por ser bom aluno, quando era estudante de medicina na Usp. (História que veio a ocorrer comigo na segunda graduação).

Eu não era boa aluna naquela época. Sentia-me completamente deslocada, mas sempre tive paixão pelo conhecimento e nunca parava de estudar o que me despertava o interesse.

Eu lia dicionário, bula de remédio, lista telefônica, enciclopédias, tudo o que me aparecia pela frente, mas não tratava de ir bem na escola. Achava que era porque eu não concordava com a instituição, com o excesso de regras, de formatação, e etc… na verdade, essa foi a desculpa que meu ego me deu a vida todinha.

A verdade mais profunda é que eu não queria ter um bom desempenho pra não “superar” quem vivia me falando que eu “devia ter tirado 10”.

Cheguei na Giovanna, especialista em AH/SD, relatando a minha desconfiança em TDAH / TEA… (olha o ato falho). Era só mais uma resistência minha em me aceitar como sou, porque eu aprendi que pra ser AMADA, eu:

  • tinha que me diminuir,
  • não podia crescer além de quem eu amava,
  • não podia saber mais do que quem eu amava,
  • enfim, não podia ser eu mesma, tinha que ser pequena, quieta, no meu canto, nunca no palco, pra não incomodar.

(E meu perfil de personalidade é “Protagonista” veja só que recalque eu vim a me imputar!)

Eu ainda insisti na possibilidade de autismo, por conta de certos traços e a Giovanna logo me disse “não, não, já descartei desde a primeira sessão”.

Foi uma grande quebra de padrão eu aceitar um resultado – e não um diagnóstico – que não me colocasse como alguém “deficiente”. Eu tenho minhas dificuldades, mas eu queria acreditar que eu tinha uma divergência que justificasse eu ficar no meu cantinho, sem incomodar quem se sente “acima”, a ponto de justificar minhas insurgências e me perdoar pela audácia de discordar, mas a verdade era quase que oposta.

Na devolutiva eu fiquei meio em espanto, mas me veio à lembrança, enquanto a Giovanna dizia que eu fazia parte de 2% dos adultos da minha faixa etária, uma frase de Marianne Williamson, em seu livro
que é um verdadeiro tratado de “Retorno ao Amor”.

Ela diz:

“Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar.
É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?”.
Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus.
Você, pensando pequeno, não ajuda o mundo. Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor.
Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de nós. Isso não ocorre somente em alguns de nós; mas em todos.
Enquanto permitimos que nossa luz brilhe, nós, inconscientemente, damos permissão a outros para fazerem o mesmo.
Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará outros.”

E só estou escrevendo isso porque entrei na ultima fase do luto da minha crença na minha “deficiência”, estou na aceitação. E, escrevo, também, porque desejo ver cada vez mais consciência acerca dessa
divergência, em vez de cara torta, que interpreta inteligência acima da média como ostentação.

Qualquer talento deve ser honrado, não negado, pra benefício próprio e do mundo que nos rodeia e só o AMOR é digno de ostentação.

Eu sou divergente e, quem é divergente, não sente, não pensa e não se comporta como a maioria, e, portanto, não se identifica com a maioria, nem com a maior parte dos ambientes que foram feitos e são frequentados pela maioria. Dá pra entender a sensação de deslocamento que sentimos?

O isolamento a que isso pode nos levar?

As minhas altas habilidades – e a característica de confiar demais e sonhar com o melhor – me fizeram alvo de pessoas perversas e meu enquadramento como P.A.S. (Pessoa Altamente Sensível), que não é regra pra todo SD, me fizeram sofrer muito com relações com essas pessoas.

Sem vitimizações, porque reconheço meus traços e feridas narcísicas que me levaram a essas relações, só quero ressaltar que, mesmo me diminuindo a vida toda, nem assim consegui evitar pessoas
vampirizadoras – ainda apegadas à cultura da escassez – que quiseram se aproveitar do que eu podia oferecer, porque, no meu padrão, havia a crença de SER ÚTIL PARA SER AMADA.

Fui vítima da cultura da servidão feminina que acomete milhões de mulheres (já atendi centenas com esse padrão).

Foi a desconstrução de padrão que eu mesma empreendi em mim que me tornou mais AMADA e livre desse encaixe e foi neste ano, através do laudo da avaliação neuropsicológica, que me libertei
do padrão que eu ainda insistia em me apegar: de não crescer para não incomodar, pra não ser julgada como esnobe (como fui tantas vezes) e me afastar, ainda mais, da minha origem narcísica.

Mas daí eu pergunto a você o que Jesus perguntou há 2 mil anos atrás:

“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”

Ao que ele mesmo respondeu: “são todos aqueles que fizerem a vontade de Deus.”

E qual é a vontade de Deus senão a de que você se ame muito a ponto de se permitir crescer, ser quem você é e contribuir com o que você tem de melhor?

Boa individuação a todos!

Com muito amor,

Mariana.

PS: Fica aqui minha indicação da profissional, Giovanna Strobel, (@giovanna.cognos) se você se identificou com meu relato, e meu convite para que você conheça o Quebrando o Padrão, se liberte das relações que aprisionam e seja mais você!.

Leave a reply