Ninguém nos avisou de que íamos entrar em confinamento, por isso tivemos pouco tempo, ou quase nenhuma opção, pra decidir com quem iríamos passar esse período de reclusão.
Tivemos que continuar sozinhos ou mudar rápido pra casa de alguém, continuar com a família que escolhemos até o momento ou com os amigos com quem dividimos o mesmo teto.
Como está sendo esse STOP pra você? Recebi esses dias no WhatsApp uma imagem que dizia “Tô conversando com a minha esposa e ela parece ser gente boa!” e outra que mostrava a mãe em home office no computador com os três filhos amarrados e amordaçados no chão. Piadinhas à parte, o confinamento é a oportunidade de lançar um outro olhar aos nossos parceiros de morada, de conhecê-los mais profundamente, de bater papos mais profundos, de percebermos eles de forma diferente.
Com a rotina do dia-a-dia que estávamos acostumados, podíamos estar passando batido de conhecer nossos companheiros e de conviver com eles mais profundamente. Eu, por exemplo, percebi que minhas filhas não brigam se estão pintando juntas, mas que discutem o tempo todo quando estão disputando a televisão.
O homeschooling está permitindo aos pais conhecer um outro lado dos filhos, mais percebido (ou não) pelos seus professores. O homeoffice está permitindo aos parceiros conhecer mais o ofício um do outro, agregar ou atrapalhar a produção, e nos fazer dar mais valor aos nossos colegas de trabalho ou ao nosso novo modo flexível /tranquilo/colaborativo de trabalhar.
De quem você está sentindo falta durante o isolamento? Vai percorrer léguas e léguas para se encontrar com aquela pessoa distante que você percebeu que faz grande diferença na sua vida? Ou vai ficar mais aí mesmo no seu cantinho acolhido, com seus amados ou com a sua amada solitude?
Tem gente que vai perceber que o relacionamento acabou há tempos e que só percebeu isso porque não está mais distraído com as tantas coisas a fazer correndo na rotina. Tem gente que vai perceber que se cuidar melhor de suas plantinhas, elas se tornam muito mais viçosas e fortes e crescem para baixo e para cima.
Minhas gatas têm me ensinado muito a ter paz. São mestras em viver confinadas em apartamento. Muito mais mestras que muitos monges, tenho certeza. Tomam sol quando ele entra, relaxam quando o metabolismo alenta, pegam fogo quando ele atormenta: respeitam a si mesmas, sem rigidez na rotina.
O que você tem aprendido acerca das suas companhias e companheiros durante o isolamento? Quem tem valorizado a companhia? De quem se sente aliviado em se afastar? Quem está resgatando virtualmente ou no coração e deseja reencontrar quando tudo isso passar?
Coronavírus: o grande terapeuta de relacionamentos.