Hoje, na nossa sessão de cinema, assistimos Vingadores, e tem uma cena muito interessante para refletirmos nesse momento de quarentena.
Na cena, Loki, de chifres reluzentes, como a personificação do diabo, diz para a multidão:
– Ajoelhem-se perante a mim! Eu disse… DE JOELHOS!
Todo mundo fica quieto e se ajoelha na frente dele. Para o que a Humanidade veio se ajoelhando até hoje? Loki levanta os braços, sorrindo.
– Assim não é mais fácil? Não é este o estado natural de vocês? A verdade não-dita da Humanidade é implorar por dominação. A tentação da liberdade diminui sua alegria de viver em uma briga louca por poder, por identidade. Vocês foram feitos para serem dominados. No fim, vocês sempre se ajoelharão.
Nossos desejos infindáveis, baseados na falsa ideia de separação, nos reduzem, adormecem nossa natureza divina. Mas há quem desperte, o que é retratado pelo idoso alemão que se levanta no meio da multidão e responde ao deus do caos, da trapaça e da mentira:
– Não perante homens como você.
– Não há homens como eu.
– Sempre haverá homens como você.
– Olhem para o seu ancião, povo! Que ele seja um exemplo.
Quem heroicamente enfrenta o caos criado pela Humanidade, hoje, são os idosos. Muitos estão partindo dessa jornada sem seus entes ao seu lado, sem ao menos uma despedida. Foram as crianças e os jovens das guerras e agora são os anciãos que se vão numa pandemia.
A cena termina com a chegada do Capitão América, que aparece bem a tempo de salvar o senhor idoso e compara Loki com os nazistas ao dizer: “Sabe, da última vez que estive na Alemanha eu vi um homem querendo se colocar acima dos demais. Nós acabamos discordando”.
A multidão que se ajoelha a Loki num evento luxuoso representa toda a Humanidade gananciosa, que deseja poder, status, sobrepujar os demais e que abdica da própria liberdade, em nome dos valores materiais.
A Humanidade do filme é a mesma que, agora, se ajoelha perante um mísero vírus, porque não respeitou os valores espirituais, que devem guiar nossa experiência terrena e destruiu, como consequência, o equilíbrio da nossa Terra.
Enquanto nossa mátria se reequilibra com a nossa saída de cena, que a gente olhe para dentro e se despoje de tudo o que é falso. Que nossa chama eterna brilhe cada vez mais reluzente, iluminando os caminhos da nossa Casa Terra, que é o nosso e de todos os nossos irmãos de jornada, porque não há separação, somos todos um.