Ser perfeccionista é ser mais imperfeito do que já somos. Porque, ao nos exigirmos apenas “dar conta de tudo”, vide todas as demandas que assumimos nos nossos vários papéis sociais (de mãe, pai, filho, trabalhador, donos de casa, etc), e com um nível de exigência alto muitas vezes, não “perdemos” o tempo necessário com o que é importante.
Corremos demais para dar conta das urgências e deixamos as importâncias para depois. Como assim?? Explico. Urgente, por exemplo é você pagar as contas, comprar comida, alimentar-se e aos seus dependentes, etc. Importante, por outro lado, é você fazer aquele trabalho que ama, brincar com seus filhos, movimentar seu corpo, etc., ou fazer as atividades urgentes com presença e amor e não no piloto automático.
As principais coisas da vida exigem tempo, esse nosso bem maior e, como podemos ser presentes, inteiros, intensos se estamos preocupados em fazer TUDO e, muitas vezes, com PERFEIÇÃO. Não. Fora que esse ‘tudo’ pode não ter fim, e muitas vezes, não tem mesmo. Passa dia, após dia, após dia e o que é mais importante não teve espaço nos nossos dias.
Dar conta de tudo e fazer tudo perfeito é anti-natural. Basta olharmos para a natureza, onde cada ser faz o que pode e não quer dar conta do bioma inteiro.
Quem insiste em dar conta de “tudo”, mesmo o fazendo sem perceber, tem que, inevitavelmente, acelerar os passos, só que, quando há aceleração dos processos naturais, há um risco muito maior de as coisas não saírem tão boas.
Quem aí já assistiu ao filme Click, onde o protagonista Adam Sandler passa a acelerar demais seus dias com um controle remoto mágico e descobre que estava perdendo seu bem maior: seu tempo com quem lhe importava.
O mais importante PRA VOCÊ não pode ficar de fora dos seus dias porque é para essas coisas ou pessoas que você está dando conta de todas as outras, e não o contrário. O sistema em que vivemos faz com que tendamos a inverter as coisas, por isso temos que estar ALERTAS!
Assumir que se é ruim com umas coisas e bom com outras é um exemplo de atitude que nos ajuda a utilizarmos nosso tempo com o que mais gostamos, afinal, ninguém tem obrigação de ser bom com tudo, muito menos de gostar de tudo. Por exemplo, eu sou péssima pra limpar cozinha, mas sou inteira no cozinhar.
Entretanto, o que é essencial, o que faz com que nossa atitude perante a vida mude e, por consequência, nossa própria vida seja melhor, é ter foco no que se escolhe e sempre, SEMPRE dar prioridade ao que vive no coração.
Um dia uma amiga me disse “nossa, não sei como você arranja tempo pra escrever esses textões, eu com uma filha não arranjo!”. Eu apenas sorri, mas o fato é que arranjo tempo porque ESCOLHO arranjar tempo, porque escrever e compartilhar as minhas descobertas com o mundo é importante pra mim, e outra, quando não “arranjamos tempo” para determinada demanda em nossa vida, de duas uma: ou existem coisas mais importantes na nossa escala de valores e estamos sendo fiéis a elas (o que o coaching é fera em descobrir), ou estamos vivendo no piloto automático, na inércia de cumprir o cotidiano pré-determinado, arranjando tempo “extra” apenas para o que é urgente.
Eu, por exemplo também, sou péssima em dar conta de todas as demandas de casa (sem excelência mesmo), dos filhos, do trabalho e do companheiro, (de mim mesma então, nem se fale), mas sou ótima quando escolho algumas delas pra fazer e faço SEM PRESSA.
Percebo meu perfeccionismo quando:
– me estresso por não ter dado conta de tudo,
– corro demais e me esqueço das minhas necessidades fisiológicas (o que contribui para aumentar a irritação),
– sorrio menos,
– elevo meu tom de voz ao não conseguir controlar o fluxo dos acontecimentos,
– digo muito ‘não’ aos meus filhos no que é mais importante pra eles: a minha presença.
O que é mais importante do que estar com quem mais amamos e por inteiro?
Essa mania de perfeição, de “pera só um pouquinho que eu só vou fazer mais essa coisa e já vou”, o dia passa e não passamos tempo com nossos amores. Assim, somos perfeccionistas mas não perfeitos.
Sejamos perfeitos, como nos aconselhava o Mestre. E o que é ser perfeito senão ser imperfeito no que não tem importância e ser o melhor que podemos ser nas nossas importâncias e com os nossos importantes?
É impossível a onipresença em nosso estado humano, ou seja, é impossível darmos conta de tudo e de forma perfeita. Mas é possível escolhermos fazer o mais importante para nós e estarmos serenos com relação ao que não damos conta no momento, é possível , igualmente, delegarmos funções e termos paciência para realizar cada coisa a seu tempo.
Todos somos feitos do mesmo néctar interior, todos somos centelhas divinas caminhando rumo a potencializar nossa essência de amor, ou seja, nós já somos perfeitos e deixa eu te contar uma coisa: você nunca vai dar conta de tudo, porque a própria natureza material é que te limita e isso não é à toa, isso é normal! Nós não temos que dar conta de tudo, pois o único que dá conta de tudo é o Criador.
Tudo tem seu tempo para lavar, secar, cozinhar, maturar, brotar, florir, nascer, dormir, acordar… e essa mania de perfeição, que não respeita o tempo natural, apenas nos limita para desfrutar a vida, pois nos tira do momento presente.
Sê perfeito, sê presente, sê consciente, escolha o que mais te importa, sempre.
Namastê!
“Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que está nos Céus; o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque se vós não amais senão os que vos amam, que recompensas haveis de ter? Não faz os publicanos também o mesmo? E se vós saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Sede vós logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito.”
(Mateus, V: 44 e 46-48).
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